quinta-feira, 12 de março de 2009

CNBB: ‘Arcebispo não excomungou ninguém’



10/03/2009

Segundo dom Dimas Barbosa, declarações servem de alerta para penas que são possíveis no caso

O secretário geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Dimas Lara Barbosa, disse ontem que o arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho, “não excomungou ninguém”. Segundo ele, o arcebispo “apenas apresentou uma situação em que o Direito Canônico ainda prevê pena de excomunhão”. Na semana passada, dom José afirmou que iria excomungar a mãe de uma criança de 9 anos que engravidou de gêmeos depois de ser estuprada pelo padrasto e fez um aborto, além dos médicos responsáveis pelo procedimento.

“É preciso que a pessoa saiba que existe uma pena desse tipo. É preciso que a pessoa seja livre e consciente para saber (que aquela atitude levará à excomunhão). Como ele (o arcebispo) mesmo depois disse, provavelmente ninguém incorreu nessa excomunhão porque ninguém sabia de nada. O ato serviu como um alerta para mostrar a gravidade que a igreja considera a questão do aborto. Provavelmente as pessoas não estão excomungadas”, disse dom Dimas, depois de proferir palestra sobre a Campanha da Fraternidade.

De acordo com dom Dimas, o Código do Direito Canônico prevê poucos casos de excomunhão e o aborto é um deles, mas normalmente “quando a pessoa comete determinado ato, ela mesma se coloca fora da igreja”. “A norma que dom José se referiu não é dele, é do Direito Canônico. Então, não foi ele que decidiu excomungar. Ele apenas anunciou que existe uma norma do Direito Canônico para as pessoas que conscientemente e livremente se colocam a favor do aborto. Eu não sei lhe dizer se alguma dessas pessoas é de fato militante na área do aborto e se pode dizer que ela saiu da comunhão com a igreja. A norma para preservar o direito do naciturno existe mesmo.”

Lamento

Dom Dimas lamentou que a violência sofrida pela menina não seja um fato isolado. Ele mesmo disse ter acompanhado em Jacareí (SP) uma menina de 10 anos vítima de um estupro que levou a gravidez adiante. Ela foi acompanhada por um pediatra, psicólogo, pela família e está bem. “Embora a gravidez fosse de risco, o aborto também era. A igreja orienta na tentativa de salvar todas as vidass. O fato da interrupção traz um trauma. As crianças e jovens que levaram a gravidez adiante sentiram que foram amparadas e que o fruto de seu ventre não era descartável”.. (Da Agência Estado)

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