terça-feira, 13 de abril de 2010

Para pensar e sair do senso comum

Pedofilia no ventilador

Segunda feira, 5 de abril. Depois da semana quase santa, volta à quase rotina.
No rádio, a caminho do trabalho, ouço as previsíveis notícias do feriadão. Em destaque, as tragédias do trânsito.
Mais um recorde de acidentes, mortos e feridos nas estradas. Números e estatísticas que vão ocupar as manchetes por um, dois dias e depois... o limbo.
Por falar em manchete e limbo, esta foi a semana santa da pedofilia. Durante o feriado, ao lado das notícias e imagens das celebrações, a grande mídia só falou disso. De BH ao Vaticano.
Na Missa da Unidade, no Mineirinho, Dom Walmor falava de paz. Sacerdotes, bispos, nosso cardeal, D. Serafim, as comunidades presentes, todos celebravam o desejo de paz.
Inspirados no tema da CF, ecoavam apelos por uma economia solidária, por um mundo mais fraterno, por desenvolvimento sustentável e relações construídas sobre o respeito à dignidade de toda e qualquer pessoa humana. No domingo de Páscoa, em Roma, o Papa Bento XVI também falou sobre tudo isso.
Mas, nos segundos dedicados ao tema “semana santa”, a grande mídia fez o que sempre faz; colocou no ar repetitivas e previsíveis imagens; dos crucificados nas Filipinas à procissão do fogaréu, em Goiás; da colheita da macela no Rio Grande do Sul aos sacrifícios dos devotos nas romarias do nordeste, passando pelas matracas e tapetes de rua nas Minas Gerais. Tudo misturado aos gols da rodada, atentados na Rússia, no Iraque, o terremoto do dia, a receita da bacalhoada, numa pasteurização de notícias que transforma tudo em espetáculo. E pra finalizar em grande estilo, no fim de domingo fantástico somos informados de que não apenas a morte bateu recordes; a venda de ovos de páscoa também...
E se as reportagens têm jeito de notícia requentada, adicionemos a elas o tempero impactante do escândalo da vez: as denúncias de pedofilia na Igreja. Não adianta querer falar de outro assunto. Se é escândalo, é notícia, e notícia escandalosa é ibope garantido. E se dá ibope, tem patrocinador. Não mais o tempo, mas “a notícia é dinheiro”...
Não que se possa ignorar crime tão cruel. Para alguém que se esconde sob o manto da religião, do sagrado, para abusar de uma criança, não há outra palavra ou definição: criminoso hediondo. Mas a forma como a mídia repercute o assunto mostra, muitas vezes, desinformação ou má intenção.
Associar pedofilia com celibato, por exemplo, é, no mínimo, de uma ignorância brutal, como se o pedófilo fosse pedófilo por não poder ter relações sexuais ditas normais.
Pouco se destaca que 80% dos casos de pedofilia acontecem dentro das casas, no meio familiar. Os criminosos são, em sua maioria, pais de família, com mulher e filhos. Vivem plena vida conjugal.
Na Alemanha, por exemplo, aconteceram, de 1995 até hoje, 210 mil denúncias formais de abusos sexuais contra crianças e adolescentes. Dessas 210 mil, 300 estavam ligadas a padres católicos, menos de 0,2%. Os demais casos se distribuem por um amplo arco de “categorias”. Há pedófilos professores, psicólogos, pediatras, pedreiros, juízes, advogados, políticos, pastores, jornalistas, desempregados...
É óbvio que certas profissões implicam num agravante do crime. Um padre, um psicólogo, um médico, tem acesso a uma criança em circunstâncias que, poderíamos dizer, dificultam a defesa da vítima. É justa a revolta, a comoção social, quando vemos relatos como o recente caso do médico acusado de abusar de suas pacientes depois de anestesiá-las.
O Vaticano recebeu 3 mil denúncias de abuso sexual praticado por sacerdotes nos últimos 50 anos. Segundo monsenhor Scicluna, chefe da comissão da Santa Sé para apuração dos delitos, 60% dos casos estão relacionados com práticas homossexuais, 30% com relações heterossexuais e 10% dos casos podem ser enquadrados como crimes de pedofilia.
Relações hetero ou homossexuais entre adultos, dizem respeito à orientação sexual de uma pessoa. No ambiente eclesial católico tais relações esbarram na regra do celibato. O ponto não está na “qualificação” hetero ou homo de uma relação. Está na opção pelo celibato, livre e conscientemente assumida por quem opta pela vida religiosa e/ou sacerdotal católica.
Eu, como católico, defendo o celibato como opção e vocação. Mas acho que a minha Igreja deveria ampliar o horizonte dessa discussão, incluindo a possibilidade de ordenação de homens casados e mulheres, preservando o espaço dos que tem vocação para o celibato. Apesar de soar absurdo para um mundo que trata o sexo como se fosse uma religião de fanáticos, sempre haverá espaço para o celibato. Até entre pessoas fora da Igreja.
Respeitando a livre escolha de cada um, deveria haver, também, para homens e mulheres que tem vocação sacerdotal mas não tem vocação para o celibato. Homens e mulheres que poderiam exercer o ministério sacerdotal com dignidade, como fazem muitos pastores e sacerdotes ortodoxos, por exemplo.
Mas, repito, não é o celibato a causa da pedofilia e outros desvios. Defender essa idéia é de uma ignorância absurda ou má fé inconfessável.
Se aí erra a mídia, onde erra a Igreja?
Erra onde costumam errar instituições monolíticas: no corporativismo, na defesa a priori que leva à negação, à acomodação, ao fechamento em si mesma.
Parlamentos, partidos políticos, instituições policiais cometem o mesmo equívoco. Acobertam membros que cometem delitos, imaginando proteger a instituição. Ao contrário, jogam a lama no ventilador. Sobra para todo mundo. Ao tentar camuflar a exceção acabam transformando-a em regra.
O cidadão comum ao ser bombardeado por manchetes escandalosas, imagens espalhafatosas, ao ver denúncias e denúncias não investigadas, engavetadas, reage como o sujeito da piada:
“Numa pescaria, colegas passaram merda no bigode de um que dormia, depois de uma bebedeira. O sujeito acordou dentro da barraca, respirou fundo e sentiu o “aroma”. Saiu da barraca e cheirou em volta. A mesma titíca. Andou de um lado para o outro e a mesma sensação nauseante. Foi até a beira do rio e deu uma profunda inspirada no vento fresco que vinha das montanhas; uma catinga só.
Ele então olhou para o céu desolado e concluiu:
- É, meu Deus, “cagaram” no mundo!”.

Ao ler o jornal do dia, ouvir as manchetes do rádio, assistir aos telejornais, tenho vontade de dizer, com perdão da grosseria:
“Cagaram na mídia.”..

Eduardo Machado
05/04/2010

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

CAMPANHA FICHA LIMPA

O Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) está coletando assinaturas de apoio ao projeto de lei de iniciativa popular que visa impedir a candidatura de políticos condenados por crimes graves. O texto prevê que os políticos com foro privilegiado, que só podem ser julgados pelas instâncias superiores, sejam inelegíveis a partir do recebimento da denúncia. Será preciso 1,2 milhão de apoio ao texto para enviar o projeto ao Congresso.
A CNBB NACIONAL propôs, ao nosso REGIONAL LESTE 2, uma meta, como estímulo e parâmetro para nosso trabalho, de 300.000 assinaturas. Pelos dados fornecidos pelo comitê da campanha, que seguem anexos, nosso regional está muito aquém dessa meta. Portanto, gostaríamos de fazer um novo e confiante apelo a todos, em vista de um verdadeiro empenho e acertada mobilização para atingirmos essa meta, dando, assim, força e credibilidade a mais essa ótima iniciativa da CNBB.
Para a Diocese de Oliveira foi estabelecido uma meta de 8.000 assinaturas. Já foram coletadas 868 assinaturas. Precisamos nos mobilizar!

Fonte: http://www.dioceseoliveira.org.br/index.php?item=cfl

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